Três monumentos de tirar o fôlego

Quem visita Portugal não pode deixar de conhecer três monumentos de tirar o fôlego: os Mosteiros de Alcobaça, Batalha e o Convento do Cristo. Distantes cerca de 1h30min de Lisboa, são uma boa dica para o passeio com duração de um dia.

A viagem de carro traz maior conforto e flexibilidade para você fazer seus horários e ver tudo sem pressa. Recomendo sair de Lisboa e pegar as estadas com pedágio A1(Lisboa/Leiria) ou A8 (Lisboa/Porto – saída de Fátima/Batalha). O custo vale a pena pela rapidez e segurança das excelentes pistas. Outra sugestão é ter um chip de celular (eu sempre uso o da Vodafone) e o aplicativo Waze, caso você não tenha um mapa em mãos.

É bom sair cedo, por volta das 7h30. Vá primeiro para Batalha, uma vila situada no distrito de Leiria, com menos de dois mil habitantes.

A principal atração do local é o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha.


O monumento começou a ser construído no século XIV pelo rei D. João I como pagamento de uma promessa feita à Virgem Maria.

Caso conseguisse a vitória na luta que acabou por consolidar seu poder, quando tropas portuguesas vencerem o exército castelhano, a edificação seria erguida.

O mosteiro dominicano é considerado uma das sete maravilhas de Portugal, e foi declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1983.

Você de fato perde o fôlego ao vê-lo pela primeira vez tamanha é sua grandiosidade. Faça o percurso completo pagando 6E (maio/16) para entrar em todas as áreas como a Capela Mor, as Capelas Imperfeitas (inacabadas), o Refeitório e os Claustros. Pergunte por descontos, pois há passes para idosos, estudantes e famílias numerosas.

Cuidado com o pescoço, pois você corre o risco de ficar com ele doendo de tanto olhar para cima e ver os detalhes das abóbodas, das colunas, dos brasões entalhados e das janelas.

Os vitrais da Capela Mor são um destaque, não tenha pressa e aprecie todos os detalhes! O visitante também poderá ver o túmulo conjugal de D.João I e D. Felipa de Lencastre.

Observe, com calma, o exterior do monumento, em especial a porta principal, que rende belíssimas fotos para seu álbum. De cada lado da entrada foram esculpidos os Apóstolos, e acima deles um conjunto de personagens como virgens, mártires, papas, bispos, diáconos e monges. No centro está Deus sentado no trono.

Depois da visita, a sugestão é almoçar em um dos restaurantes próximos do mosteiro.

Eu experimentei o Mestre Afonso, bem em frente ao monumento. Provei um delicioso bacalhau com batatas ao murro de lamber os beiços.

Alcobaça

Após descansar, siga para a segunda parada do dia: o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, cerca de 30 min de carro de Batalha. Lá você vai ter mais uma aula de história sobre a formação de Portugal.

A Abadia de Santa Maria de Alcobaça foi fundada por D. Afonso Henriques em 1153, quando o monarca concede a Bernardo de Claraval a “Carta de Couto”, atribuindo à Ordem de Cister um território de cerca de 44 mil hectares, com o objetivo de conseguir apoio desse personagem influente na Igreja Católica para consolidar a independência de Portugal.

São Bernardo foi um abade francês e o principal responsável por reformar a Ordem de Cister e por criar a regra monástica que guiaria os Cavaleiros Templários.

O mosteiro, que também é Patrimônio da Humanidade, demorou vários séculos para ser construindo, recebendo ampliações e muitas modificações.

Só a igreja tem 100m de comprimento e pé direito de 20m. Há ainda a Sala do Capítulo, o Refeitório, a Sala dos Monges e o Dormitório, todos edificados nos séculos XIII e XIV.

Um dos espaços que mais chamam atenção dos visitantes é a cozinha revestida de azulejos. Há uma imponente chaminé e um tanque com água corrente, mostrando que os monges entendiam bem de engenharia hidráulica.

Outro ponto bastante visitado é o túmulo de Inês de Castro. A história conta que a bela Inês foi o grande amor de D. Pedro, filho de Afonso IV um dos reis de Portugal.

No entanto, havia um detalhe: ela era a dama de companhia de Constança, esposa de D. Pedro.

O romance foi um escândalo na época, em pleno século XIV, e após a morte da mulher, Pedro manteve seu relacionamento com Inês, que deu a luz a quatro filhos dele.  Afonso IV, com medo de ter o trono futuramente ocupado por um filho ilegítimo de Pedro, e com receio de desagradar a corte, ordenou a morte de Inês, que foi degolada e enterrada na Igreja de Santa Clara.

Pedro, ao descobrir a trama, entrou em guerra contra o pai. Com morte deste e a coroação de Pedro, os assassinos de Inês foram punidos e seu corpo transferido para o mosteiro de Alcobaça.

O novo rei jurou ter se casado em segredo com Inês antes de sua morte, e a lenda conta que o corpo foi colocado no trono, a coroa em sua cabeça e todos os nobres foram obrigados a beijar a mão do cadáver.

Daí a origem da expressão: “agora não adianta mais, Inês é morta!”.

Para visitar Alcobaça você desembolsa 6 (maio/16) mais 2E para entrar na sacristia, mas conhecer todas essas histórias não têm preço!

Tomar

Ao terminar sua visita a Alcobaça, olhe para o relógio e se der tempo tente visitar o Convento do Cristo que fica em Tomar, cerca de 1h de distância de carro. Caso não consiga visitar no mesmo dia, como eu, programe para outra viagem. Partindo de Lisboa são duas horas de trem.

Há inclusive um ingresso especial, mais barato que dá direito à entrada nos três monumentos por 15E (maio/16). Em conjunto, eles abordam três grandes temas-chave que ajudam a entender melhor a formação do território português: a Ordem de Cister (Mosteiro de Alcobaça), os Campos de Batalha (Mosteiro da Batalha) e os Templários (no Convento de Cristo).

Os Templários tiveram origem em 1099 quando nove cavaleiros oriundos da França e da Borgonha formaram uma irmandade com o propósito de protegerem os peregrinos nos perigosos caminhos até Jerusalém.

Com o tempo, a sua missão passou a ser de defensores dos estados cristãos da Terra Santa. No Século XIII, perseguidos por Filipe IV de França, a ordem é extinta pelo Papa e os templários caçados. Portugal foi um refúgio para eles, porque o rei D. Diniz anexa à Coroa os bens da ordem e pede a criação de uma nova ordem de cavalaria para proteger o reino de invasões muçulmanas: a Ordem de Cristo.

E o final desta história fica para a próxima viagem!
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