Quem vai ao centro de Portugal deve reservar pelo menos uns dois dias para conhecer uma deliciosa região: a Bairrada. E deliciosa literalmente, porque lá é possível provar iguarias como o famoso leitão e vinhos de sabor exuberante.

Como compreende os concelhos da Mealhada, Oliveira do Bairro e freguesias de outros como Catanhede, Águeda, Vagos, Coimbra e Aveiro, há muito o que se ver. Por isso destaco nesse post o que considero o melhor da região pela qual tenho um carinho especial, já que minha família paterna mora por lá.

A sugestão é hospedar-se em Anadia, uma pequeninha cidade mas próxima de vários pontos turísticos. O único hotel é o Cabecinho, que já foi citado neste blog. Tem um excelente custo-benefício e praticamente você se sente em casa, tão gentil é o atendimento. Ele não oferece jantar, mas você pode fazer lanches em cafés próximos, pois no interior nada fica aberto até muito tarde mesmo.

Comece o tour passeando pela Curia, área conhecida pelas águas termais indicadas para tratamentos de saúde. As termas estão desativadas, mas é possível ver as edificações em estilo art noveau e o belo parque do entorno. O hotel Termas da Curia ainda funciona e oferece um spa com diversos tratamentos de beleza com as águas.

Chegando a hora do almoço, pegue a estrada e, em poucos minutos, estará na Mealhada para deliciar-se com o Leitão à Bairrada. Não existe outro lugar no mundo para comer leitão como lá (exceto na casa dos meus parentes é claro!).

Há diversos restaurantes especializados, como o Virgílio dos Leitões já analisado aqui no Blog.

Depois de lamber os beiços comendo o leitão, os queijos, os pães e os pudins de sobremesa (hummm!) siga para a freguesia do Luso. Lá você vai provar a água mais deliciosa da face da terra (leve, cristalina e com propriedades medicinais!). Há também as Termas do Luso que abrem de maio a outubro.

O Luso está localizado na Serra do Bussaco e um parque lindo para visitar é a Mata Nacional do Bussaco. Com 105 hectares, ela foi plantada pelos religiosos da Ordem dos Carmelitas Descalços no século XVII.

Para entrar paga-se 5E (maio/16) por veículo e vale a pena, pois no local há muito o que se ver. Segundo José Saramago, escritor português e Prêmio Nobel de Literatura, "a Mata do Bussaco não se descreve, o melhor é perder-se nela".


O Palácio Real, hoje Palace Hotel do Bussaco, está encravado no meio da mata. A construção teve início no século XIX, por ordem do rei D. Carlos I para servir de pavilhão real de caça.

Projetado pelo arquiteto italiano Luigi Manini, cenógrafo do Teatro Nacional de São Carlos, o palácio faz referência aos descobrimentos portugueses e é um exemplar do estilo manuelino. O interior só pode ser visitado se você se hospedar, ou se for almoçar no restaurante do hotel.

Na parte exterior, os jardins são um bálsamo para os olhos e um delírio para os fotógrafos profissionais ou amadores.

Pegue um mapa gratuito no posto de informação turística, ao lado do bar Esplanada da Mata, e escolha os pontos a visitar.

Parte pode ser percorrida de carro e parte a pé, em trilhas refrescantes por entre os arbustos, o verde da mata, os lagos e os córregos com água cristalina. Destaque para a Via-Sacra com três quilômetros de extensão com 20 capelinhas que mostram cenas da Paixão de Cristo.

Há ainda o Convento de Santa Cruz do Buçaco, a Cruz Alta (ponto mais alto da serra) e casas antigas de guardas florestais que foram transformadas em alojamentos para turistas. Para saber um pouco mais de história vá ao Museu Militar do Buçaco, que conta detalhes sobre a batalha ocorrida no local, quando tropas inglesas e portuguesas derrotaram o exército napoleônico.

No dia seguinte, saia do hotel direto para a freguesia de Sangalhos, onde você irá mergulhar no mundo da arte e do vinho visitando as Caves Aliança ou Aliança Underground Museum. O local já teve um post dedicado a ele de tão especial. Não saia sem adquirir algumas garrafas de vinho para trazer de recordação!

Próximo das Caves está o Velódromo Nacional que faz parte de um Centro de Alto Rendimento. Fique atento à programação pela internet, pois quem sabe você não chega em dia de competições?!

Outro destaque da freguesia é a Igreja Matriz de Sangalhos, inteiramente reconstruída na primeira metade do século XVIII, passou por obras de restauro nos anos 1980 e 1990.

Recentemente, mais obras resolveram problemas de infiltrações e deixaram o patrimônio em segurança: a Igreja guarda uma escultura do seu padroeiro, São Vicente, em pedra datada do século XVI e dois Anjos ceroferários da segunda metade do século XVIII. Um verdadeiro tesouro!

O tour encerra com chave de ouro na Vinagreira Moura Alves, onde você poderá conhecer o processo de extração do vinagre a partir do vinho. Quem nos mostra o processo é o simpático proprietário, Sr. Moura.

Ele leva o turista para ver os barris de carvalho para envelhecimento (cerca de 10 anos), a espécie de geleia formada com a decantação e muito usada em cosméticos, e finalmente o produto final: o vinagre já premiado pela excelência e sabor!

Em seguida, os turistas podem ver a coleção de vinhos e aguardentes do Sr. Moura. São com mais de 5 mil itens.

Entre eles os primeiros vinhos das Caves Aliança, que eles próprios não possuem mais em estoque. Verdadeiras raridades, todas catalogadas em seu caderno de controle.

Se você estiver em grupo grande, pode até verificar se é possível encomendar um almoço ou jantar em sua cave (veja pelo Face com antecedência).

Garanto que é uma experiência inesquecível, onde podemos encontrar a hospitalidade portuguesa, reunindo bons amigos, boa comida, bons vinhos, e claro, um excelente vinagre!