“Coimbra do choupal. Ainda és capital. Do amor em Portugal, ainda. Coimbra onde uma vez. Com lágrimas se fez. A história dessa Inês tão linda.” Os versos da música na voz de Amália Rodrigues que tanto escutei quando criança, me vêm sempre à mente quando falo desta charmosa cidade portuguesa. E quem visita Coimbra, descobre que ela não é só Fado, é história, é gastronomia, é ciência e muito mais!Partindo de Lisboa, você chega de carro pela A1 em cerca de 2h. Já saindo do Porto, é mais pertinho, aproximadamente 1h pela mesma A1. Reserve pelo menos três dias, pois há muito o que se ver, e a cidade é ótima para caminhadas. Há parques e monumentos que merecem uma visita sem pressa.
Localizada na região central de Portugal, Coimbra é cortada pelo rio Mondego que testemunhou a passagem de povos diversos como romanos, bárbaros e mulçumanos. Foi a primeira capital do reino e no século XVI recebeu a famosa Universidade.A vocação acadêmica se mantém até os dias de hoje, sendo conhecida como a cidade universitária de Portugal. Agora, os edifícios históricos dividem lugar com prédios mais modernos. Em determinadas épocas do ano, o turista pode inclusive ver os estudantes com suas tradicionais capas pretas, hoje mais usadas em cerimônias como a formatura, por exemplo.
Então, a dica para começar o tour pela cidade é justamente conhecer primeiro a Universidade de Coimbra (1 a 20E maio/16). Fundada por D. Dinis em 1290, é uma das mais antigas da Europa. Vá sem olhar para o relógio, pois há muito que ver:O ponto alto da visita, na minha opinião, é a Biblioteca Joanina. E como só entram pequenos grupos, faça essa visita primeiro, pois é preciso esperar o horário na fila.
Não é permitido tirar fotos, por isso aprecie com calma as paredes cobertas por estantes laqueadas de vermelho, verde escuro e negro, onde estão dispostos mais de 60 mil livros. Abaixo da Biblioteca está a Prisão Medieval e Acadêmica, usada como cárcere para os estudantes, digamos, menos comportados.
A Capela de S. Miguel é linda. Também só é vista em pequenos grupos, por isso paciência com as filas. O destaque em seu interior fica por conta do órgão barroco do século XVIII. Atenção também para as paredes da nave que são revestidas de azulejos do século XVII.A Universidade é Patrimônio Mundial da Humanidade e parte dela está localizada no Paço Real, local destinado aos aposentos do Rei de Portugal, quando visitava Coimbra. No Paço estão as três salas mais visitadas pelos turistas:
A Sala das Armas contém as armas da extinta Guarda Real Acadêmica e que ainda hoje são utilizadas em cerimônias. A Sala dos Capelos ou dos Grandes Atos, que ainda está em uso para doutoramentos “honoris causa”, foi a primeira sala do trono de Portugal.Por último há a Sala do Exame Privado, usada primeiramente como aposentos reais, depois passou a ser utilizada para as provas orais que aconteciam antes do doutoramento. Atenção ao teto que traz os emblemas das faculdades.
Não deixe também de admirar o pátio interno da Universidade e a famosa Torre do século XVII.Os sinos do relógio foram por muito tempo o regulador da vida dos estudantes, indicando os momentos de descanso e os momentos de estudo. Do alto, pode-se ter uma linda visão panorâmica da cidade.
Um lugar pouco visitado é o Museu da Ciência, localizado no antigo Colégio de Jesus. Construído pelos Jesuítas no século XVI, o espaço passa a pertencer à Universidade no século XVIII, e após a expulsão dos Jesuítas pelo Marquês de Pombal abrigou as Faculdades de Filosofia Natural e Matemática. Por fim transformou-se no Laboratório Químico.
Quando a fome bater após tanta caminhada e história, vá almoçar próximo ao rio Mondego no Largo da Portagem, em frente à Ponte Santa Clara. O lugar é agradabilíssimo e com uma vista linda. Subindo a Rua Ferreira Borges você também encontra boas opções para comer como o Café Restaurante Nicola.
Além da pastelaria eles servem um almoço delicioso. Aproveite e prove a alheira, que é um prato típico português. Trata-se de um enchido bem apimentado, com formato de linguiça. Pode ser assado ou grelhado e normalmente é servido com salada e batatas.Conta a lenda que a alheira teria sido inventada pelos judeus supostamente convertidos ao catolicismo na época da Inquisição. Os cristãos novos, como eram chamados, continuavam com o costume de não comer carne de porco, trocando apenas o recheio do chouriço por carne de aves como peru e galinha.
Depois do almoço faça a digestão andando pelas ruas de pedras portuguesas muito bem assentadas, e entre nas lojinhas com mil e uma opções de presentes. Há muitos objetos feitos de cortiça, desde bolsas, sapatos e canetas até os tradicionais portacopos.Caso você continue a subir a rua chegará até o Pátio da Inquisição, um conjunto de edifícios onde funcionou o Tribunal do Santo Ofício entre os séculos XVI e XVIII.
Para quem pode ficar mais tempo
Coimbra não deve ser vista em apenas um dia, por isso reserve mais tempo para passear pela cidade. Caso você viaje com crianças, uma parada obrigatória é Portugal dos Pequenitos. Trata-se de um parque que mostra, em escala reduzida, representações arquitetônicas de Portugal e de países por onde os colonizadores passaram. A criançada vai se divertir entrando e saindo de casinhas pequenas, e muito adultos voltam à infância quando chegam por lá. O local tem ainda um Museu da Barbie e outro do Traje.
Outra opção bem próxima do parque é o Mosteiro Santa Clara- a- Velha. Fundado no século XIII fica bem próximo do rio Mondego. Devido às enchentes as irmãs clarissas tempos depois, já no século XVII, se mudaram para outro lugar mais alto, o Mosteiro Santa Clara-a-Nova. O destaque deste monumento é o túmulo da Rainha Santa Isabel, padroeira de Coimbra.
Não deixe de visitar também os famosos Jardins da Quinta das Lágrimas, lugar onde o príncipe D. Pedro e a dama Inês de Castro se encontravam às escondidas. A história desse casal já foi alvo deste Blog. Foi ali também que Inês chegou ao trágico fim, e dizem que o fantasma dela ainda caminha pelos jardins! O parque tem árvores centenárias, ruínas medievais e abriga um Hotel que ocupa o lugar de um palácio do século XVIII.
E para terminar o post, vamos falar do Fado. Existe uma certa rixa entre o Fado de Coimbra e o de Lisboa, mas esse estilo musical português encanta a todos não só pelas letras, mas principalmente pelas lindas notas que saem das guitarras. O fado é, desde 2011, Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade.O Fado de Coimbra é mais ligado às tradições acadêmicas, claro, cantando os amores estudantis. Procure visitar o Fado ao Centro, que tem apresentações diárias, cursos e oficinas. É uma boa maneira de encerrar sua visita à cidade!
“Coimbra das canções. Coimbra que nos põe. Os nossos corações, à luz...Coimbra dos doutores. Pra nós os seus cantores. A fonte dos amores és tu.”

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