O Sertão era Mar

O Brasil possui inúmeros sítios arqueológicos, mas alguns ainda são pouco explorados pelo turismo. O Vale do Catimbau, no interior de Pernambuco é um desses lugares.

Próximo à cidade de Arcoverde e distante cerca de 250km de Recife, o lugar merece a visita, embora não muito divulgado.

Para chegar, você pega a BR-232 a partir de Recife. Passa pelas entradas de cidades como Vitória, Gravatá, Caruaru, Pesqueira e Arcoverde.

Após esta última fique de olho no trevo com um posto de gasolina e a placa indicando a direção da cidade de Buíque. Siga a seta, você estará pegando a PE-270. Ambas estradas estão em excelente estado de conservação.

Continue em frente mais 26km até avistar uma entrada de terra à direita com uma placa que indica Vale do Catimbau. Pegue a estrada e siga reto até a Vila de Catimbau.

Apesar de não ser asfaltada a estrada é boa, e mesmo carros sem tração andam normalmente. Evite somente em dias de chuva, pois fica escorregadia e pode ser perigosa para motoristas inexperientes em trilhas.

Aprecie essa viagem. Você verá dezenas de sítios, casas simples, restaurantes de beira de estrada, e uma paisagem exuberante.

O local fica no limite entre o agreste e o sertão, com montanhas, rochas e vegetação verde no período de inverno.

Ao chegar à Vila procure a pracinha da Igreja. Lá fica a Associação de Guias de Catimbau (AGTURC - 87-3816-3052). É importante levar um guia, pois são 10 trilhas no Parque Nacional da Serra do Catimbau.

Há bifurcações, trechos em veículo e trechos a pé. O guia mostra ao turista um caderno com fotos e todas as opções de trilhas. As mais longas duram cerca de 2h30mim (ida e volta).

Em uma tarde consegui fazer duas de curta duração (30 min cada), mas há opções com o pôr do sol e para ver cavernas com inscrições rupestres feitas há 6 mil anos. De quebra na volta você ainda visita dois ateliers de escultores pernambucanos.

Os preços são combinados na hora, dependendo da distância e da quantidade de trilhas que você for fazer.

Duas trilhas de curta duração saíram por R$ 80,00 (valor único qualquer que seja a quantidade de visitantes no seu grupo).

Leve água e algum biscoito ou fruta para comer caso a fome aperte. Recomendável  também levar boné e usar roupas leves. Na Associação há uma lojinha com bonés e camisetas com pinturas de inscrições rupestres custam entre R$10,00 e R$ 20,00 (jun/2013).

Trilha do Cânion

De nível bem leve, ao longo do caminho você pode observar formações geológicas de diferentes tamanhos e formas.

É pedra em formato de cavalo marinho, de cachorro, de macaco, de jacaré e o que mais sua imaginação permitir.

Aos poucos a vista do cânion vai se descortinando a sua frente, e você vai agradecendo a Deus por esta maravilha da natureza.

O guia explica a formação das rochas, desde quando havia um só continente, a Pangeia, até o formato que conhecemos hoje.

São explicações detalhadas graças aos cursos que fizeram com professores das universidades pernambucanas. Muitos grupos de estudantes visitam o Parque para realizar pesquisas e o número de turistas vai crescendo graças ao boca a boca entre os que já foram ao local.

No caminho praticamente não se vê animais, somente alguns pássaros e borboletas. Segundo o guia a caça foi devastadora antes da área virar um parque.

No entanto, a vegetação traz diversos tipos de bromélias e cactus.

 
Trilha da pedra da igrejinha

Esta também tem nível fácil, com pequenas subidas sem muito esforço. Você para o carro bem pertinho e em um minuto está sob a atração principal: uma enorme rocha que lembra colunas e que possui um furo.

Para os esotéricos é a "janela para outras dimensões", para os cientistas o resultado da erosão causada pela água, calor, frio e vento.

A formação tem milhares de anos e foi testemunha de uma época em que o sertão era mar. Logo ao lado outra rocha maior pode ser escalada e lá do alto se tem outra visão do canion e é possível avistar a cidade de Arcoverde, distante mais de 30km.

Uma das pontas dessa enorme pedra é chamada de cabeça de pajé, pois lembraria o rosto de um índio (alguns dizem que só após a terceira dose kkk).










Ateliers

Na volta das trilhas passamos por dois ateliers de escultores pernambucanos.  

Luiz Benício (87-9638-3929/91443335) é artista plástico há 14 anos e já vendeu obras para colecionadores do Brasil e Europa, mas continua produzindo em sua casa no Vale do Catimbau.

É da natureza que ele tira a matéria-prima para suas obras que retratam a fauna da região ou símbolos do imaginário popular, como São Jorge.

Vale uma visita para ver e caso você tenha interesse ele vende as peças na hora ou faz também por encomenda.

José Bezerra começou a trabalhar com a madeira em 2002, quando deixou a roça para se dedicar às artes.

Conhecido como patrimônio vivo de Pernambuco esculpe imagens de bichos, pessoas, plantas e o que mais lhe vier na cabeça nos pedaços de madeira que encontra na região.

Seu atelier é ao lado de sua casa de taipa e as peças ficam em exposição, formando um verdadeiro museu ao ar livre. Também é possível comprar as peças no local.
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