Um espetáculo de fé

Quem visitar o estado de Pernambuco na época da Semana Santa tem um programa imperdível: o espetáculo da Paixão de Cristo, em Fazenda Nova, a cerca de três horas de carro de Recife.

Independente de qual religião você professa, vale a pena visitar o maior teatro a céu aberto do mundo.

Para comprar os ingressos você entra no site da peça, ou, se já estiver na cidade, vai a um dos shoppings centers que sempre têm estandes de venda. Ainda dá para pagar no cartão e dividir em várias vezes sem juros. Os preços variam entre R$ 80 e R$ 120 (mar/15), e considerei muito baratos pelo que o espetáculo oferece.

Depois do ingresso comprado é hora de decidir como chegar. Pode-se alugar um carro, pois a estrada é muito boa e bem sinalizada, ou ir de ônibus de turismo. Eu optei pela segunda opção, já que a peça termina tarde (21h20) e ainda tinha três horas de estrada para voltar à Recife. Várias empresas oferecem o passeio, e eu fui pela Luck Viagens pagando R$ 90.

O ônibus sair por volta das 11h3 e, pega a BR 232. A guia acompanha todo o trajeto, fala sobre as cidades que o turista vê pelo caminho (Vitória, Gravatá entre outras) e até distribuiu um lanchinho. Há uma parada em Caruaru para almoço de cerca de 1h30 e depois a viagem prossegue até Fazenda Nova, uma vila do município de Brejo da Mata de Deus, no agreste pernambucano.

O espetáculo foi encenado pela primeira vez há 48 anos graças aos esforços de um comerciante local, com a participação de toda sua família. Anos depois Plínio Pacheco, gaúcho e jornalista chegou à cidade e casou com a filha do comerciante, Diva Mendonça. Ele teve a ideia de construir um teatro que fosse uma réplica da cidade de Jerusalém para encenar as cenas dos últimos dias de Jesus Cristo.
Hoje a Paixão é um show. Belíssimos figurinos, cenários imensos e detalhistas, sistema de luz e som impecáveis, efeitos especiais e atores de primeiro time funcionam como um túnel do tempo em que o visitante é transportado para 2000 anos atrás.

São 100 mil metros quadrados cercados por uma muralha de pedras de quatro metros de altura e com 70 torres de sete metros cada uma.

No seu interior, nove palcos-platéias reproduzem cenários naturais, palácios e o Templo de Jerusalém. Tudo construído por arquitetos e cenógrafos nordestinos.

Durante muitos anos figurantes e atores eram todos da região. Hoje abriu-se espaço para nomes nacionais o que ajudou a popularizar o espetáculo pelo país.

Ao chegar em Nova Jeruzalém, como o local é chamado, os veículos ficam estacionados bem próximo. Em frente às muralhas são montados estandes para a venda de alimentos e bebidas, além do artesanato local.

É recomendado fazer um pequeno lanche, pois se anda muito durante o espetáculo. Também é possível comprar lembranças (bolsas, chaveiros, camisas etc) com a logomarca da Paixão, ou encontrar artesanato mais original feito em madeira, ferro e pano.

Ao passar pelas muralhas o cenário impressiona. Figurantes vestidos de centuriões estão espalhados por toda a parte. Há, inclusive, uma pousada que abriga os atores durante o período da Semana Santa e pode ser visitada durante todo o ano (há jantares em que os hóspedes de vestem com roupas da época).

O local possui lanchonetes (não é vendida bebida alcoolica dentro dos muros), e sanitários. Para pessoas com problemas de mobilidade, cadeiras de rodas podem ser reservadas e uma equipe se encarrega de empurra-las durante o show.

Enquanto esperam o início, os visitantes ficam deslumbrados com o local, tiram fotos dos cenários e admiram o pôr do sol por trás das montanhas que compõem o cenário natural. Tudo isso com um fundo de música clássica que vai deixando os visitantes em sintonia para o início do espetáculo.

São três horas em que o espectador vê as principais cenas da Paixão: sermão da montanha, visita ao templo, a Santa Ceia, a prisão de Jesus e o enforcamento de Judas, o bacanal de Herodes, o julgamento de Pilatos, a Via Sacra, o Calvário e a Ressurreição.

A emoção toma conta de plateia e atores, e é difícil não derramar lágrimas, mesmo com alguns incômodos como pessoas tirando fotos ou filmando com flashes. Para os idosos, a ida só é recomendada se usarem as cadeiras de rodas, e para os mais jovens o uso de tênis é recomendado devido às caminhadas entre um cenário e outro.

Ao final, não deixe de fazer outro lanchinho do lado de fora dos muros, porque a volta é longa, não tem paradas se você estiver em ônibus de turismo e você chega por volta da uma da manhã em Recife.

Mas todo o esforço vale a pena para ver esse espetáculo de fé!
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