Conta a lenda que o fidalgo português chamado Duarte Coelho, donatário da Capitania de Pernambuco, ao subir no alto de um morro lá pelos idos de 1530 exclamou: “Oh linda situação para se construir uma vila!”

A história documental não comprova o fato, mas ninguém consegue chegar à Olinda, sem se lembrar dessa frase e sem ficar deslumbrado com a vista que se tem na parte alta da cidade.

Portanto, quem vem à Pernambuco, não deve visitar só Recife e as praias dos litorais Sul, precisa também conhecer essa joia que é uma das mais antigas cidades brasileiras.

Passar um dia em Olinda é pouco para explorar igrejas, casarios coloniais, restaurantes, bares e ateliers. Ainda mais devido às ladeiras já famosas que deixam os turistas sem fôlego. Então caminhar devagar é preciso.

Para quem tem um dia 

Minha sugestão é começar logo cedo direto no alto da Sé. Primeiro visite a Igreja, que foi palco de lutas entre holandeses e portugueses pela posse do lugar. Veja se a lateral está aberta, pois ela dá acesso a um pátio interno com uma vista linda da cidade.

Logo em seguida parta para o Elevador Panorâmico, que antes era uma caixa d´água. Do alto você vai se sentir o próprio Duarte Coelho e apreciar a beleza do lugar.

Na mesma área há ainda o Museu de Arte Sacra, o Observatório e o Mercado do Alto da Sé. A dica é não comprar nos mercados, mas sim visitar os ateliers espalhados pelas ruas que possuem peças muito mais originais.

Desça a Ladeira da Misericórdia (para baixo todo santo ajuda), e siga pela rua Bernardo Vieira de Melo onde está o Mercado da Ribeira. Bem pertinho está o restaurante Patuá. Como prato principal eu provei e aprovei a moqueca de camarão (R$ 118,90 dez/15) que serviu bem três pessoas. Para sobremesa experimente o Huuuuuuum!!!, uma cocada mole de coco fresco em leite condensado, com sorvete de tapioca e bananas caramelizadas (R$18,90 dez/15).

Para fazer a digestão, visite o atelier de Margareth Gama que tem lindos trabalhos inspirados na arte de filigrana portuguesa. São quadros, porta-trecos, esculturas e até vasos feitos com fitas de papel. A placa indica Maloka Artes, porque o lugar é um espaço multiuso que reúne vários artistas.

Na rua 13 de maio, que fica atrás da Bernardo Vieira, está o atelier do artista plástico Pedro Dias (81-9407-7983 / 99768762). As obras têm um toque surrealista e para quem gosta do santo guerreiro, São Jorge é retratado em vários quadros. Para visitar basta tocar a campainha que Pedro gentilmente abre sua casa.

Continue andando e agora pegue a Rua São Bento. Você irá passar pelo Palácio dos Governadores, que hoje é a sede da Prefeitura de Olinda, bem em frente da Praça Mons. Fabrício e que fica lotada em épocas carnavalescas.

Dali você já avista no final da rua, descendo mais a ladeira, o Mosteiro e a Igreja de São Bento. Ambos fazem parte do complexo arquitetônico barroco e são tombados como Patrimônio Histórico Mundial pela UNESCO, assim como grande parte do centro histórico da cidade,

Se você der sorte pega a missa com os beneditinos e os famosos cantos gregorianos. Não se assuste se no meio da cerimônia aparecerem turistas falando alto e os guias mirins dentro da igreja. Uma pena para quem quer ficar compenetrado e observar a beleza do lugar.

Uma boa lembrança que pode ser adquirida, esta dica devo a minha mãe, são as medalhas vendidas na lojinha ao lado da igreja. Elas trazem a cruz, muito usada por Bento em diversas situações de sua vida, e inscrições como “não seja o dragão meu guia”.

Têm a fama de afastar más influências e você ainda pode pedir para um dos monges benzer as medalhas.

Pegue a rua 27 de Janeiro e vá descendo até a Praça João Alfredo. No caminho, fique atento para a sede do famoso bloco carnavalesco Pitombeira dos Quatro Cantos. Na praça está a Igreja de São Pedro, infelizmente interditada devido à má conservação.

Já que o dia está acabando, aproveite para comer na Creperia, que já foi alvo deste blog. Em seguida aproveite o por do sol no Parque do Carmo, onde fica a igreja de mesmo nome.

Para quem pode voltar novamente

Para quem tem tempo eu recomendo dois dias em Olinda, porque há muitas coisas para se ver. Aí vão outras dicas de locais interessantes a serem visitados:

Restaurante Beijupirá – já tem seu post neste blog.

Estação Quatro Cantos  – uma simpática cafeteria e lojinha que no segundo andar abriga uma exposição dos famosos bonecos de Olinda confeccionados por Sílvio Botelho. Vale a visita mesmo, pois você se diverte tirando fotos com os bonecos. A entrada de R$5,00 (dez/15) é revertida para o artista que ainda não tem onde guardar seu enorme acervo de bonecos.

Blocos de Maracatu – na semana das prévias carnavalescas, dezenas de blocos se apresentam aos sábados e domingos nas ruas de Olinda. Chegue por volta das 14h e fique até umas 18h. É muito divertido!

Tapioca na Sé – este é o passeio noturno número 1 em Olinda. Ir à cidade e não comer uma tapioca no alto da Sé é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa. Chegue perto do por do sol, aproveite a vista, e depois escolha uma das barracas para saborear a melhor tapioca de Pernambuco.