Noronha: um ponto fora da curva

Definitivamente Fernando de Noronha é um ponto fora da curva. Não só porque a ilha fica bem distante do continente, mas também por causa de sua beleza que é incomparável.

Viajar para Noronha não é barato, pois alimentação e hospedagem na ilha são caras se comparadas a outras cidades turísticas do Nordeste. E ainda tem a taxa de preservação do IBAMA que é diária e leva boa parte de seu orçamento.

Então, a minha dica é: tente viajar de milhagem e fique nove dias por lá. Assim dá para aproveitar tudo, conhecer todas as praias, fazer as trilhas e os passeios de barco, rever lugares que gostou e até enjoar de tanta tranquilidade.

Quando ir?
No Nordeste, de abril a agosto é tempo de chuvas. Aposte em setembro e outubro. Baixa temporada, preços mais em conta e sol na medida certa!

Onde ficar?
Há pousadas para todos os gostos e bolsos. Eu fiquei na Alamoa, uma super dica da mergulhadora e amiga Regina Zeitoune. Bom custo benefício, com atendimento atencioso e bem próxima à Vila dos Remédios. 

Sugestão de roteiro:

Dia 1. Visita à Vila dos Remédios e ao forte do século XVIII, um dos três construídos na ilha. Faziam parte do sistema de defesa português contra invasores na época do Brasil Colônia. O tamanho da fortificação impressiona.

Na Vila ainda vale conhecer o Palácio de São Miguel e a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, construída em 1772. Aproveite o resto do dia na Praia do Cachorro e faça uma boquinha no Café com Arte.


Dia 2. Vá para o lado mais oriental da ilha, conhecido como Air France, visite o Espaço Cultural e veja as criações dos artistas locais. Pertinho está a Capelinha de São Pedro e as ruínas do Forte de Santo Antônio, com uma bela vista para o Morro do Pico.

Andando mais um pouco chega-se ao Museu dos Tubarões, onde as crianças (e adultos também) adoram ver as fotos e esqueletos desses animais. Prove o bolinho de tubalhau, servido por lá.

Outra atração próxima é o Buraco da Raquel, uma rocha com uma fenda onde, como conta a lenda, se escondia uma filha de um militar durante crises depressivas.

À tarde faça o passeio de barco para ver os golfinhos rotadores. Sai do Porto de Santo Antônio, com destino às Ilhas Secundárias e à Ponta da Sapata. Dá até para escutar o som que eles fazem, algo mágico!

Passa pelas praias do Cachorro, da Conceição e pelo Morro do Pico, Boldró, Americano, Bode e Cacimba do Padre. Tem parada para banho na Praia do Sancho. De tão bom, eu fiz duas vezes esse trajeto, uma pela manhã e outra pela tarde.

À noite vá comer uma pizza no Canto da Massa, depois de assistir a uma das palestras do projeto Tamar.


Dia 3. Faça uma das trilhas oferecidas pelas agências locais. Eu fui pela Atalaia Turismo na trilha da Pontinha que parte da Praia da Caieira. Percorremos 3,5km de costa durante a maré baixa. O relevo é bem acidentado, mas há paradas nos mirantes naturais (Pontinha e Pedra Alta) e nas piscinas da praia de Atalaia que se foram entre os arrecifes.

É bom ter preparo físico, levar mochila com toalha, tênis, protetor solar, água e barras de cereal. Não esqueça da máquina fotográfica, pois o visual é deslumbrante. 


Dia 4. Alugue um bugue e vá direto para a fila da Praia de Atalaia. Como a entrada é controlada, é bom chegar cedo. Não esqueça o snorkel, pois a variedade de peixes nas piscinas naturais é enorme. Esta já foi considerada a quinta praia mais bonita do país.

De lá, siga para a Baía Sueste, área de alimentação das tartarugas marinhas. Dá para passar a tarde toda no local, mas confesso que não vi nenhuma tartaruguinha, mas a paisagem é linda demais!

Dia 5. Tome o rumo da Praia do Leão, também berçário natural das tartarugas. Entre dezembro e junho elas desovam nesse local. O nome vem de uma pedra em formato de leão marinho, mas o pessoal que gosta de uma pinga garante que é um hipopótamo! ;-)

A praia possui piscinas naturais, mas para chegar lá o bugue fica no alto do morro e você desce por uma trilha. Haja pernas!

À noite que tal uma pizza num lugar bem escondidinho?! O restaurante Na Moita é assim, você encontra perguntando para os locais e vendo as tochas acessas próximo da entrada. É uma casa de família que foi transformada em restaurante, mas a comida é deliciosa e o atendimento super simpático!

Dia 6. Faça a Trilha dos Golfinhos. Essa não precisa nem de guia, pois é bem sinalizada e bem leve. Ao longo do caminho placas explicativas sobre a flora e a fauna da região são como uma aula a céu aberto.

Pare no mirante da Baía dos Golfinhos e leve binóculo para observar os grupos chegando na área protegiada.

Seguindo em frente, avista-se a Baía do Sancho e a Baía dos Porcos, e para mergulhar nas águas cristalinas basta descer por uma escada ao longo da rocha. No final da trilha há as ruínas do Forte São João Batista construído em 1737.

Dia 7. Vá direto para a Praia da Cacimba do Padre. Para chegar percorre-se uma trilha que é um buraco só. O local é muito procurado por surfistas em determinadas épocas do ano. Por isso cuidado com as correntes marinhas quando for mergulhar!

De lá parta para a Praia do Boldró, totalmente deserta e excelente para caminhadas. Após alguns minutos andando e atravessando algumas rochas pelo caminho  você chega na Praia Americano. De lá já é possível avistar os Morros Dois Irmãos.

Aprecie o pôr do sol nas ruínas do Forte do Boldró. É de tirar o fôlego. E para completar o dia jante no restaurante Tartarugão.

Dia 8. Esse dia é reservado para a Praia da Conceição, o verdadeiro cartão postal de Noronha. O local tem um astral meio hippie, meio alternativo, algo diferente dos outros lugares e que não te deixa ir embora.

De lá se avista o Morro do Pico, que tem a forma de um papagaio (após algumas caipirinhas, é claro). O Caribe é aqui!

Para comer o único local era, na época em que estive lá, o Bar do Duda Rei. Foram os petiscos mais caros que já paguei na vida, mas com aquela vista, valeu a pena.

Dia 9. Esse é o dia para rever alguma praia de que mais gostou e se despedir desse paraíso! O almoço pode ser o Restaurante do Biu, um self-service bem simpático e com variedade.

Outras dicas:
- Muitas praias só podem ser visitadas de bugue, porque os ônibus que cortam a estrada não param próximos, então se planeje para aproveitar o máximo dos dias de aluguel do carro.

- Pague a taxa do IBAMA pela internet e evite perder tempo com filas no aeroporto.

- Noronha é o lugar perfeito para mergulho, mas se você não tem grana para fazer com cilindro, não se preocupe. Um snorkel já resolve o problema, pois a visibilidade é boa e dá para aproveitar muito.


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