Dando continuidade às dicas sobre
o Alentejo coloco neste post mais uma sugestão de passeio bate e volta a partir
de Évora.
Além de Monsaraz e da Herdade do Esporão
já abordados por este blog, é possível conhecer Arraiolos e o Sítio Arqueológico
Nossa Senhora de Guadalupe no mesmo dia.
Visite primeiro Arraiolos, distante
cerca de 20km de Évora. A primeira parada deve ser o Castelo de Arraiolos construído no século XIV. As muralhas, em formato circular, ainda
estão intactas e a vista do alto do monte de São Pedro, onde elas se encontram,
é belíssima.
Dentro não há muitas edificações de pé, somente a Igreja do
Salvador (séc. XIII), que ainda resiste aos fortes ventos do lugar.
Saindo de lá desça em direção à
via, mais precisamente para a rua Alexandre Herculano onde encontramos as lojas
com os famosos Tapetes de Arraiolos. A origem dessa verdadeira arte com lã e
tecidos ainda é incerta. Uma das teorias diz que a tradição pode ser tido
trazida pelos muçulmanos, que viveram na região fugidos das guerras no oriente,
por volta do século XII.
Os tapetes são bordados à mão por
mulheres, com lãs de cores variadas, sobre uma tela de juta ou algodão. Um
trabalho que é transmitido por gerações, e que quase foi extinto com a chegada
das máquinas na era industrial.
Os padrões mudaram ao longo dos séculos.
Primeiro foram os geométricos, depois os florais, os islâmicos e todos contam um pouco da história e influências dos povos em Portugal.
As lojas possuem uma variedade
imensa de desenhos e tamanhos. Você pode encomendar um tapete se quiser. Só
prepare o bolso, pois, por ser um dos mais tradicionais artesanatos de Portugal,
os valores podem chegar às centenas de Euros.
Todos os anos há o evento O
Tapete Está na Rua que, durante o mês de maio, comemora e exalta a cultura
local e estes bordados.
Depois de conhecer as ruas e
lojas, faça um lanche em um dos cafés para aguentar a segunda parte da jornada.
Próximo à saída da vila, pare para ver a Pousada Convento Arraiolos,
que pertence à rede Pestana. É uma opção chic para quem gostaria de pernoitar
no local, mas também um monumento histórico.
A edificação abrigou o Convento de
Nossa Senhora da Assunção, erguido no século XVI, e foi restaurada em 1995 para
abrigar a pousada. A capela, os claustros e o jardim interno antigos se
misturam com a moderna decoração.
A segunda parte da jornada
acontece na Serra de Monfurado, próximo à Évora, onde está o Sítio Arqueológico
de Nossa Senhora de Guadalupe. Lá é impossível chegar sem carro, portanto, se
estiver de ônibus volte para Évora.
Essa é a parte do tour para quem
gosta de história e arqueologia, e está com tempo sobrando para fazer a visita.
No Sítio estão os Cromeleques dos Almendres: um conjunto de pedras
(menires) dispostas em formas geométricas, que possuem inscrições rupestres quase imperceptíveis nos dias de hoje.
Os Cromeleques são pré-históricos e podem ter mais de 7 mil anos! Estão associados ao culto dos astros e da natureza, sendo considerados um local de rituais
religiosos e de encontro tribal. E as pedras geralmente estão dispostas de
acordo com nascente e o poente, e sua posição tem orientações astronômicas que
mostram as estações do ano.
Há um centro de informações na entrada do Sítio, com loja, banheiro e
área externa para piqueniques. A partir dali são mais 4km de estrada de terra
com buracos, que podem ser percorridos a pé ou de carro (recomendo o veículo).
Por isso, leve água, barras de cereal ou frutas. Particularmente acho que o
local poderia ter melhor infraestrutura turística, como jipes para levar os
visitantes aos cromeleques e guias fornecendo mais explicações.
Voltando para Évora, passe no Alto de São Bento antes de entrar na cidade
antiga. Trata-se de um mirante natural, onde estavam os antigos
moinhos.
Se a fome apertou, então está na hora de fazer um almoço tardio e
minha sugestão é o restaurante Tragos e Condutos,
próximo à Praça do Giraldo.
Peça os Secretos de Porco Preto, que são bifes
grelhados, ou as Lulas Fritas com Gambas (camarões). Tudo delicioso!
Na mesma rua do restaurante está a loja Courelas da Torre que representa a marca de vinhos orgânicos. A dica é provar, e comprar é claro, os licores de Ginja e Poejo.
Esta última é uma planta aromática muito utilizada
na culinária, e que lembra o sabor do hortelã. Os vidros são lindos e servem
depois como decoração para sua casa.
“Os ossos que aqui estamos
pelos vossos esperamos”
Se ainda der tempo, termine o dia visitando a Igreja de São Francisco,
cuja visitação é gratuita e foi restaurada entre 2014 e 2015. Talvez a atração
mais impactante não seja o templo em si, mas a vizinha Capela dos Ossos.
Construída no século XVII, suas
paredes e pilares são revestidos de milhares de ossos e crânios. É um tanto
lúgubre e choca os mais sensíveis. A ideia era provocar justamente isso, uma
reflexão sobre a transitoriedade da vida humana.
O mesmo ingresso dá direito à visitação
da capela e do Museu de Arte Sacra, que
fazem parte da mesma estrutura. O valor é quase irrisório perto do que você
verá. O museu está no espaço do antigo dormitório dos frades, e o acervo exibe
peças do próprio convento extinto.
Pinturas, esculturas dos séculos XVI a
XVIII, uma coleção de ourivesaria sacra da mesma época, e objetos devocionais
como ostensórios e vestes dos padres são alguns exemplos.
Bem ao lado da Igreja está o Jardim Público. Um espaço agradabilíssimo,
muito frequentado por estudantes da Universidade de Évora, e um lugar para
descansar, tomar um café ou apreciar o entardecer.
Para o dia ser completo vá jantar no Cantinho da Teté.
Peça vinho e tapas (queijos e embutidos) e pegue umas das mesas externas se for
no verão. As porções são honestíssimas e o atendimento maravilhoso.
E quem é
Teté? A filha do dono!
Postar um comentário